Chove, como chove
Ao meio dia da quinta
Chove na planta sedenta
Chove na terra faminta
Que chova, também
Sobre os homens
Alguma cor, uma tinta
Que de tão leve e invisível
Nenhum ser humano a sinta
Mas pinte ao tocá-los
Por dentro
Com a tintura mais linda
E assim a secura que temos
Seja para sempre extinta
Chove, deixem que chova
Não parem a chuva ainda
Se vem para lavar nossas almas
A chuva da vida é bem vinda
Quintal de Cronos
Entre as folhas, e as pedras, vive Cronos, impassível...silencioso... fatal. Ele gosta de ser desafiado, gosta que o procurem pelos cantos, sob a hera, entre as raízes, por trás das paredes cinzas e desbotadas. Cronos ri de como quase nunca o encontram, não sabe como isso acontece, já que se sente bem visível. E enquanto o procuram, repousa no outono, preparando o inverno, quando, se não for encontrado, mudará de quintal...
Os poemas e fotos aqui publicados, quando não identificados como sendo de outros autores, são de autoria de Antonio Augusto Biermann Pinto
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
terça-feira, 31 de maio de 2016
terça-feira, 3 de maio de 2016
LUVA
Te quero pólen, te quero flores,
Te quero bálsamo, te quero dores
Te quero sombras, te quero cores
Te quero ar, te quero chão
Te quero mapa, te quero trilha
Te quero mar, te quero ilha
O teu banal, tua maravilha
Quero no inverno e no verão
Te quero mar, te quero ilha
O teu banal, tua maravilha
Quero no inverno e no verão
Te quero folhas, te quero terra
Quero tua paz e quero tua guerra
Quero a que acerta, quero a que erra
Quero tua história, tua confusão
Quero tua paz e quero tua guerra
Quero a que acerta, quero a que erra
Quero tua história, tua confusão
Te quero brasa e te quero neve
A que recua e a que se atreve
Frio que gela, fogo que ferve
Quero tua voz e tua canção
A que recua e a que se atreve
Frio que gela, fogo que ferve
Quero tua voz e tua canção
Te quero longa, te quero breve
Quero que venhas e então me leve
Tudo o que és quero e me serve
Como tua luva na minha mão
Quero que venhas e então me leve
Tudo o que és quero e me serve
Como tua luva na minha mão
terça-feira, 25 de agosto de 2015
FALARES
Perdemos silêncios
bonitos
Nesses impulsos de
falares
Nessas pressas de
palavras
Nessas frases sem
escora
Sumiram silêncios
benditos
Nessa angústia de
haver dito
Aquilo que, feio ou
bonito,
Das almas e mentes
aflora
Bons tempos em que a
palavra
Por vezes ficava de
fora
E tudo era dito em
olhares
E compreendido na
hora
Hoje as palavras não
calam
Hoje a boca é
senhora
E porque os olhos já
não falam
É que os silêncios vão
embora
sexta-feira, 24 de julho de 2015
UM DIA
Um dia saberemos
Como certas coisas
são feitas
Porque muitas não
são ditas
Quem decide quais as
frases
Que devemos repetir
Um dia sairemos
Dessa guarda sem
sentido
Que nos mantém em
vigília
Mirando o nada
infinito
Esperando o porvir
Um dia entenderemos
Que não somos como
formas
Que não somos como
cópias
E não sendo como querem
Seremos o nosso querer
Nesse dia acordaremos
E veremos que há mais
sonhos
Que há mais mares e
universos
Outras cores, novos versos
Novos jeitos de
viver
quinta-feira, 23 de julho de 2015
POEMA DE SER ASSIM
Assim fossem os amores
Assim todos os sabores
Assim as palavras e as cores
Assim as estradas sem fim
Assim todos os sabores
Assim as palavras e as cores
Assim as estradas sem fim
O brilho que brilha no olho
A neve na ponta do galho
Assim fossem o orvalho
E a luz que ilumina o marfim
A neve na ponta do galho
Assim fossem o orvalho
E a luz que ilumina o marfim
Assim a chuva e o vento
Assim o silêncio e o tempo
As coisas de fora e de dentro
Assim, exatamente assim
Assim o silêncio e o tempo
As coisas de fora e de dentro
Assim, exatamente assim
Assim o tudo que nasce
Assim o tudo que cresce
Todo jardim que floresce
Teria de ser assim
Assim o tudo que cresce
Todo jardim que floresce
Teria de ser assim
E tudo estaria direito
O mundo seria perfeito
Se tudo fosse do jeito
Que você é para mim...
O mundo seria perfeito
Se tudo fosse do jeito
Que você é para mim...
terça-feira, 7 de julho de 2015
LINDEZA
Não vemos tudo o que há no mundo
Sabemos algo, imaginamos muito
Mas há no todo sempre alguma parte
Que não se mostra ou só se vê por sorte
A vida, assim, ao nosso olhar se move
Mas não sabemos seu desaguadouro
É como um rio que sobre a terra corre
Mas dentro dele é que se esconde o ouro
Pequenos rios que não percebemos
Formam da vida o grande rio que vemos
Correm no tempo, em um fluir sereno
E em seus internos, com cuidado extremo,
Guardam lindezas a desafiar bons olhos
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