Os poemas e fotos aqui publicados, quando não identificados como sendo de outros autores, são de autoria de Antonio Augusto Biermann Pinto

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Chove, como chove
Ao meio dia da quinta
Chove na planta sedenta
Chove na terra faminta
Que chova, também
Sobre os homens
Alguma cor, uma tinta
Que de tão leve e invisível
Nenhum ser humano a sinta
Mas pinte ao tocá-los
Por dentro
Com a tintura mais linda
E assim a secura que temos
Seja para sempre extinta
Chove, deixem que chova
Não parem a chuva ainda
Se vem para lavar nossas almas
A chuva da vida é bem vinda

terça-feira, 31 de maio de 2016

OURO VELHO
Com sua capa avermelhada
E um chapéu em ouro velho
O outono escolhe a roupa
Toda em cor de caramelo
Vai pintando sua pele
Colorindo seu cabelo
O outono sabe a cor
Que sempre o torna mais belo
E entre verdes e marrons
Com pitadas de amarelo
O outono veste os tons
Que vai despir para o inverno

terça-feira, 3 de maio de 2016

LUVA



Te quero pólen, te quero flores,
Te quero bálsamo, te quero dores
Te quero sombras, te quero cores
Te quero ar, te quero chão

Te quero mapa, te quero trilha
Te quero mar, te quero ilha
O teu banal, tua maravilha
Quero no inverno e no verão
Te quero folhas, te quero terra
Quero tua paz e quero tua guerra
Quero a que acerta, quero a que erra
Quero tua história, tua confusão
Te quero brasa e te quero neve
A que recua e a que se atreve
Frio que gela, fogo que ferve
Quero tua voz e tua canção
Te quero longa, te quero breve
Quero que venhas e então me leve
Tudo o que és quero e me serve
Como tua luva na minha mão


terça-feira, 25 de agosto de 2015

FALARES

Perdemos silêncios bonitos
Nesses impulsos de falares
Nessas pressas de palavras
Nessas frases sem escora

Sumiram silêncios benditos
Nessa angústia de haver dito
Aquilo que, feio ou bonito,
Das almas e mentes aflora

Bons tempos em que a palavra
Por vezes ficava de fora
E tudo era dito em olhares
E compreendido na hora

Hoje as palavras não calam
Hoje a boca é senhora
E porque os olhos já não falam
É que os silêncios vão embora


sexta-feira, 24 de julho de 2015

UM DIA



Um dia saberemos
Como certas coisas são feitas
Porque muitas não são ditas
Quem decide quais as frases
Que devemos repetir

Um dia sairemos
Dessa guarda sem sentido
Que nos mantém em vigília
Mirando o nada infinito
Esperando o porvir

Um dia entenderemos
Que não somos como formas
Que não somos como cópias
E não sendo como querem
Seremos o nosso querer

Nesse dia acordaremos
E veremos que há mais sonhos
Que há mais mares e universos
Outras cores, novos versos

Novos jeitos de viver

quinta-feira, 23 de julho de 2015

POEMA DE SER ASSIM

Assim fossem os amores
Assim todos os sabores
Assim as palavras e as cores
Assim as estradas sem fim

O brilho que brilha no olho
A neve na ponta do galho
Assim fossem o orvalho
E a luz que ilumina o marfim
Assim a chuva e o vento
Assim o silêncio e o tempo
As coisas de fora e de dentro
Assim, exatamente assim
Assim o tudo que nasce
Assim o tudo que cresce
Todo jardim que floresce
Teria de ser assim
E tudo estaria direito
O mundo seria perfeito
Se tudo fosse do jeito
Que você é para mim...

terça-feira, 7 de julho de 2015

LINDEZA

Não vemos tudo o que há no mundo Sabemos algo, imaginamos muito Mas há no todo sempre alguma parte Que não se mostra ou só se vê por sorte
A vida, assim, ao nosso olhar se move Mas não sabemos seu desaguadouro É como um rio que sobre a terra corre Mas dentro dele é que se esconde o ouro
Pequenos rios que não percebemos Formam da vida o grande rio que vemos Correm no tempo, em um fluir sereno E em seus internos, com cuidado extremo, Guardam lindezas a desafiar bons olhos

Rio São Francisco - Neópolis, SE

Rio São Francisco - Neópolis, SE